há coisas que queria não saber fazer
há coisas que queria não saber fazerÉ preciso coser um botãozinho e dar um jeitinho numa bainhínha. Coisinhas rápidas, penso eu, faço isso num instante. Vai-se a ver e anda para aí um outro botão perdido, e mais outro, de onde será?
E estas calças que estão descosidas aqui...deixo para depois...não, já agora...que estou com a agulha na mão...é só mais um... Tic. tic, tic, faço isto com a máquina, é mais rápido e fica melhor. Vou buscá-la num instante. Mas já agora, que a tenho aqui, coso mais esta saia que está a precisar, tic, tic, tic, já está. E estas bolsas que gosto de fazer? Só uma, que ainda é cedo, ainda dá tempo... (Há dias, alguém que muito prezo, escrevia qualquer coisa do género, com uma outra vertente...) Enquanto me embrenho nos panos, tenho liberdade para pensar, o que é uma coisa que também gosto de fazer; vou planeando o resto que tenho que fazer hoje, amanhã, por estes dias e começo a achar que o tempo não chega para fazer tudo, principalmente para o que quero fazer, quando o dever fica para segundo plano. O dia devia ter 36 horas, se perdemos tantas a dormir e outras tantas a cumprir deveres. Não censuro a minha mãe por me ter ensinado a fazer coisas; ela ensinou, mas (pior para mim) aprendi a tirar prazer disso. Ela terá feito apenas aquilo que a sua própria educação lhe tinha ditado, que uma mulher deve ter que saber fazer de tudo em casa. Mas ela não sabia que há mulheres não precisam, só por o serem, se desdobrarem em tantas e que não é só em casa que precisam saber fazer. Já agora, vou ali à cozinha fazer o almoço, que se faz tarde.
2 comentários:
Claro que a mim, como homem, o que a minha mãezinha ensinou foi a não fazer absolutamente nada em casa, pois as mulheres o farão. Como dizes que «fazer» te ajuda a pensar, se calhar é por isso que... também penso pouco. Hum!(E já se percebe melhor a minha alcunha)
Correcção: para ti o dia devia ter não 36 horas, mas para aí 48... no mínimo!
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