20 dezembro 2007

a propósito de gostos musicais ecléticos

propósito de gostos musicais ecléticos * (mesmo correndo o risco de algumas pessoas ficarem desiludidas comigo)

Há meia dúzia de anos tinha um vizinho adolescente que ouvia música em altos berros (não era só a música que que aquela família nos fazia ouvir em altos berros, era também as "conversas" dos pais e dos irmãos e de todos entre si!).
Não é que a música naquele volume me desagradasse; o bom som, alto, é até uma terapia que recomendo vivamente. O que era mesmo muito mau, é que o rapaz, mal os pais saiam de casa, tocava vezes sem fim os "Morangos do Nordeste", música que fazia parte da banda sonora de uma telenovela em voga na altura. Aquilo era insuportável e foi assim dias, semanas a fio, até o próprio se fartar da música, o que terá acontecido muito tempo depois de os velhinhos do lado verem agravados os seus problemas de parkinson e os mais novos terem adquirido problemas auditivos permanentes. Eu própria achava que nunca mais na vida iria conseguir ouvir aquele desastre. Mas não. Pouco tempo depois, e porque era verão e o verão é condescendente e no verão tudo se torna mais leve, os morangos do nordeste acompanhavam-me para todo o lugar, não que os levasse comigo, mas porque aquilo tocava em todo o posto de rádio, em todo o lugar de compras, em toda a romaria. E passaram a fazer parte das músicas que têm aquela capacidade de alterarem o meu estado de espírito, que vacila entre o alegre e o sentir verdadeiramente imbecil por ter prazer em ouvir tal coisa.
Hoje senti algum conforto enquanto ouvia o Markl pela manhã; contava ele, a propósito do Gato Fedorento e da (in)capacidade que cada um tem para dançar, que um dia tinha surpreendido o Zé Diogo Quintela a dançar
(parece que ele é o único capaz de o fazer, conforme o demonstrou já publicamente), sozinho no gabinete e muito satisfeito, os morangos do nordeste. Ora foi aí que eu me senti menos imbecil porque afinal parece que não sou a única a quem sabe bem "ouvir" isto. De vez em quando, mas muito muito de vez em quando, raramente, uma vez por ano, uma vez de dois em dois anos, nem que seja porque na verdade, desperta a vontade de mexer a anca ou as pernas ou mais ainda e isso é bom.

2 comentários:

lara_1012 disse...

Isso tudo é porque ainda não me viste a dançar a Macarena!

Unknown disse...

É para a desgraça, não é? Pois então... melhor melhor melhor é mesmo La Bomba!