os meus vizinhos
Amanhã comemora-se o dia do vizinho, coisa que me pareceu muito estranha quando a ouvi pela primeira vez. Pensando melhor no conceito de vizinho como a pessoa que, não morando na nossa casa, está muito pertinho de nós, sou levada a pensar que os meus vizinhos já mereciam ter aqui um cantinho apenas a eles dedicado. Posso afirmar que vizinhos como os que eu tenho já não haverá muitos; eles dirão o mesmo de mim, que sou vizinha deles.
Gosto muito dos meus vizinhos quando me fazem olhar para eles a empanturrarem-se de caracóis enquanto me entretenho com umas fatias de pão com manteiga; gosto quando me chamam para juntar o meu almoço ao deles; gosto de acompanhá-lo com uma sangria fresquinha; gosto quando me perguntam porque é que abri a janela tão tarde, se estarei doente; gosto quando me pedem para lhe olhar pela casa porque vão de férias; gosto quando abrem a porta ao homem que conta a luz quando não estou; gosto de chegar à porta da cozinha e ver, pendurado no portão, o saco do Jumbo que tem o jornal; gosto que tratem do cão com esmero quando vou de férias; gosto de ter o meu lugar para o carro sempre à porta de casa; gosto que me roubem limões para o martini do fim do dia; gosto de saber que se preocupam quando dão pelas minhas olheiras; gosto de contar com as batatinhas deles quando me esqueço de as comprar; gosto que cheguem à varanda a perguntar se também faltou a luz; gosto das longas conversas no terraço nos serões quentes de verão; gosto de apanhar com um jorro de água atrevido quando regam o jardim. Gosto saber que, mesmo quando não estou em casa, alguém olha pelas minhas coisas como se fossem suas.
2 comentários:
Fixe! Deixa-me ir morar para o teu prédio, está bem?!
Anda, há sempre lugar para um gatinho!
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