nsólitos do ócio - II
Quem era frequentador da minha casa sabe quanto o som fazia parte integrante daquele espaço. Por amor à música, mas principalmente à qualidade do som, a sala e grande parte da casa, foram reformuladas em função da localização dos aparelhos (para ser mais precisa, direi apenas que a lareira, considerada por grande parte das pessoas elemento prioritário e de destaque, foi preterida por um amplificador de grande dimensão e potência que vivia com oito colunas de dimensões variadas, estrategicamente colocadas por ali fora). Tudo isto para dizer que, durante anos, convivi de boa vontade e muito gosto, com música, televisão e cinema em permanência, com elevado mas irrepreensível volume; os momentos de silêncio eram raros ou impossíveis.
Desde que me mudei, optei por algum silêncio. Não por imposição, mas por alguma (estranha) necessidade, com a qual tenho convivido muito bem mas que previa em fase terminal, até porque, pela primeira vez, senti necessidade de transportar música comigo e finalmente, aderi ao mp3.
As férias trouxeram-me entretanto, outro banzé: os meus três sobrinhos adolescentes em permanente conversa (permanente, eu disse muito bem)! Acrescento um pormenor, sem o qual nada disto faz sentido: o diálogo ocorre essencialmente
Para ajudar à festa e em intervalos regulares, um booo booo booo booo booo – código transnacional para namorados que se vingam em sinais de telemóvel.
Pensava que deixei de precisar de silêncio? Retiro o que disse.
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