Nos dias em que se fala de avaliação até à exaustão, ouvi falar dela de outro ponto de vista. Foi de raspão, assim, como eu quando escrevo aqui agora, mas fez-me pensar no que passo a expôr de raspão.
Há anos, investiguei o tema porque precisava de conhecer o conceito de avaliação aplicada à concepção de software educativo. Aí, como na maior parte das áreas, a avaliação é feita com base na observação do outro na utilização que faz dos produtos que aquele cria. Depois inventa esquemas de avaliação, testagem, check lists, grelhas e o diabo a quatro. Contabiliza, mede, faz gráficos para provar que o produto tem este defeito e não sei quantas virtudes. Reformula, corrige, baralha e volta a dar.
Acredito que o Magalhães tenha passado por um sem número de testes de usabilidade em termos de hard e sofware, tal como acredito que a versão final seja "perfeita", azulinha e tudo. Dizem que está a ser um sucesso e eu tenho pena de ainda não ter privado com nenhum (principalmente de não ter visto uma criança a usá-lo pela primeira vez). Ainda não se sabe que efeito terá aquilo nas mãos dos miúdos mas é natural que venha a ter muitas consequências no modo como se realiza a aprendizagem. Também não se sabe de que modo os alunos tirarão partido dele, tal como ninguém prevê de que modo passarão a usar a internet.
Poder-se-ia acreditar que os computadores seriam meio caminho andado para motivar os alunos para a aprendizagem. Para aprender o que quer que fosse. Mentira. Eles não querem saber de powerpoints bonitos que levam hooooooras a fazer. E criá-los? Nem isso lhes interessa muito. É preciso fazer o pino para os motivar e de preferência dar-lhes muitas referências, porque não têm paciência para pesquisar. Google? O resultado vem na primeira página? Assunto resolvido. Wikipedia? Email? Dá jeito, mas só isso. E basta. Tem é que ser rápido.
Já não faz grande sentido ensinar o bite e o byte, a memória ram e rom; não há aula de tic que não comece pelo Hi5 ou pelo YouTube e o messenger já não é fundamental à vida. Em quatro anos, as coisas mudaram.
Somos dum tempo em que a tecnologia cresce conosco. Fizeram-na para nós e nós ajudamos a fazê-la; mas os critérios de uso que temos não têm que ser os mesmos dos nossos alunos. Ajudar a tirar partido dos novos recursos poderá fazer a diferença mas isso obriga-nos a correr...
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