30 dezembro 2008

onversas elevadas



Estar com estranhos num espaço diminuto e fechado é constrangedor, mas quando se trata de estranhos estrangeiros e se se passar dentro de um metro quadrado de elevador, a situaçao pode ser caricata. Tacteia-se o ambiente com o olhar e um sorriso, talvez um bon giorno envergonhado; atreve-se um pouco mais de conversa, quase sempre sobre o tempo e o pior é que nao se consegue desenvolver mais nada e aquilo nao pàra... Olha-se para o tecto, para a contagem (de)crescente dos andares que nunca mais poe fim ao suplicio. Até que alguém chega ao destino e os outros desfazem-se em amabilidades para se ver livre do estropício que lhe calhara em sorte.
A nao ser que aconteça como a nòs quatro, sozinhos no elevador. Chegàdos ao quarto andar, a mim destinado, ficàmos à espera que alguèm resolvesse sair. As duvidas foram tantas que viajamos para cima e para baixo vàrias vezes, porque entretanto nos desmanchàmos em gargalhadas. Sò acertàmos com o piso certo à terceira tentativa.



19.30h, hora de ponta num hotel de 12 andares. Congestao nos elevadores; à terceira tentativa, consegui entrar. Um homem de meia idade, talvez com um graozito na asa, estica-me o cartao/chave do seu quarto. Sorri disfarçadamente, nao percebi o que disse mas ele continuou. Percebi que referia a uma qualquer piada alusiva ao Berlusconi.
-Conosce?
-Si, conosco.
-E il nostro capo.
Como nao lhe dei grande troco, meteu conversa com o casal que seguia viagem connosco.
- Si, o Zapatero no è...
Levou as maos a cabeça enquanto repetia:
-Portogallo... Portogallo...il capo... qui è il capo?, esforçava por lembrar-se.
Perguntou-me e hesitei. Quem era? Nao me lembrava senao do Socrates e por aqui se mede o peso de tal figura... Nem me lembrei do capo Cavaco.

Sem comentários: