dia zen...
Seco-me energicamente para colmatar o risco de constipação - nunca tinha apanhado uma chuvada deste calibre; devo-a à visita ao Tomilho no hotel para cães onde se encontra.
A manhã tinha sido Zen, literalmente.
Havia dias que o meu telefone assinalava um número longo e desconhecido que apenas hoje se identificou. Havia anos, uns vinte, que não ouvia aquela voz. Por cerca de hora e meia ouvi a voz queixar-se da vida que tem levado; dos maus tratos do marido, afectado pela guerra no ultramar; da indiferença do filho que não pára numa mulher só; da esperança que tinha nele e que transfere agora para o neto. Contou-me que se lembra do tempo em que eu lhe pedia para me levar a ver os cabões na Rua Direita e lhe apontava a bandeira pocuesa**. Ela gostava de me esconder alguns brinquedos barulhentos, principalmente as minhas conetas***...
Num momento, tão longo como o que dura pegar no telefone e atender, todas as minhas intenções resvalaram como se levadas por uma corrente forte. Com sorte, consigo desligar a tempo do meu leve jantar.
Tem sido assim todos os fins de semana e estão quese a ser assim os dias úteis. Úteis?!
Queixam-se algumas amigas de que não lhes dou atenção. Queixo-me eu que não consigo dar atenção aos amigos. Desculpem. Volto já já.
*pavões
** portuguesa
***cornetas
Sem comentários:
Enviar um comentário