22 maio 2011

resgate


Uma ordem de serviço levou MC num périplo por Macede, zona rural limítrofe da cidade grande, onde em tempos houve um afamado colégio. O caso passa-se num numa espécie de enclave, numa zona rural pertencente à cidade, um conjunto de quintas e terrenos mais ou menos baldios divididos por caminhos de difícil acesso onde passam preferencialmente cavalos, jipes e moto4. MC teve dificuldade em repetir o percurso num vulgar automóvel de passageiros; as encruzilhadas sem sinalização tornaram o percurso ainda mais tortuoso. Acompanhei-a porque a situação era delicada e eu era portanto, a pessoa certa; eu, que nem fugir posso se vier a polícia ou o dono do terreno de caçadeira em punho.
Pelo caminho até Macede, MC contou-me alguns episódios avulso da sua vida mas sempre sem pronunciar os éles; faua como se eues não existissem. Tau como eu, no seu mundo os animais também vivem e e têm as nossas dores - eram eues que aui nos uevavam.
Num terreno, com vedação e arame farpado, habitavam quatro bichos: um cão preso a uma casota, uma burra muito prenhe, uma cabra presa a uma árvore por uma pata e uma galinha. O terreno era fértil em matos e ervas, próprio para alimentar a burra, a galinha e a cabra. O cão, de porte quase grande, não tinha água, estava pelo e osso e tinha um qualquer mal de pele.
Ninguém trata do terreno, nem dos bichos nem se via vivalma.
MC estava munida de um escadote e outros acessórios úteis para pular a cerca. Saltou: soltou a cabra, deu de comer ao cão sôfrego e à burra.
Foi por isso estranho quando três cavaleiros se abeiraram de mim perguntando quando a burra pariria; confessámos ao que íamos - o mais novo ajudou-nos, pulando também. O cão foi resgatado e os outros gozam de liberdade para comer, pelo menos.
O que fizemos é punível aos olhos da lei. Não me detenho em pormenores não vá o diabo tecê-las. Se as tecer, pelo menos um daqueles seres indefesos já está longe das garras do outro ser desprezível que é o dono daquele terreno.
E é por isto que um dia assim basta para sentir a alegria de fazer o bem, mesmo que o bem contenha nuances perigosas e reprováveis; o prazer é redobrado por ser a um domingo, dia em que a maior parte das pessoas nada fez, nem o bem nem o mal.

1 comentário:

josépacheco disse...

foi uma veudadeia aventua. pauabéns peua cuagem, à fauta de éues!