cobrador da pasta verde
Estive tanto tempo sem encontrar o senhor José que cheguei a pensar que se tinha mudado. A roupa deixou de estar estendida por ordem e o seu carro preto lustroso deixou de estar na lugar de costume, na posição do costume.
Até ao dia em que me bate à porta de pastinha verde plástica em punho, cheiínha de papeis. Se podia entrar. Claro que podia. Preparei-me para umas horas de conversa bisada. Sim, ele diz as coisas quase sempre duas vezes, senão três e com todos os pormenores (ando tão cansada de conversas pormenorizadas!).
Admirou o som da tv, explorou a qualidade da imagem, quis saber sobre o meu operador de audiovisuais. Sentou-se para explicar, com todos os requintes, as negociações que tem tido ao telefone para mudar o serviço que tem em casa. Porém, o som da tv perturbava o raciocínio e baralhou-se no exacto ponto em que me descrevia a hora em que lhe ligaram a apresentar a última proposta. Raios, lá teve que retomar no ponto em que se lembrava.
No segundo obstáculo desliguei o som da televisão e comecei a ver o fim do relato. Estávamos quase a falar do assunto que o cá trazia... O assunto passava pela explicação e leitura anotada das actas com as quais discordava. As suas desconfianças, as atitudes incorrectas de alguns condóminos...
Diz o senhor José que gosta muito de falar comigo porque sou sensata. Não sabe ele que pago caro a minha sensatez apenas porque não consigo fazer de contas que saí...
5 comentários:
O sr. José é mesmo chato e complicadinho. LIVRA!!!
E vai voltar, aposto!
SANTA ANITA :))
Ainda restam pessoas presas mentalmente ao papel azul de 35 linhas. São pessoas que ainda não perceberam que o tempo avança com naturalidade para a defesa da competência e que ELE, ou ELES apenas ficaram para trás.
AJ
ai são 35 linhas? Pensava que eram 25. Um errozinho sem importância...
Enviar um comentário