19 julho 2011

uando a idade não perdoa e isso não interessa nada

Foi ao volante e dentro de um carro que percebi quanto tempo passou depois da última viagem que fiz com os meus tios. Cresci a admirar os irmãos da minha mãe. São tenazes, lúcidos, divertidos, perspicazes. Não aparentam a idade que têm efectivamente, tanto física como mentalmente. Sempre proporcionaram convívios divertidos; durante muito tempo preferi um jantar com eles a muitos com amigos, mesmo na fase adolescente em que os amigos são o que de mais importante o mundo tem.
Apreciando cada um por si, mantenho o exposto. Já em grupo, a coisa hoje complica-se. Marcar um encontro e um percurso com horas marcadas despoletou uma discussão surda, com muitos nervos à mistura, sabiamente contidos, telefones desligados abruptamente.

O meu irmão não era assim, mas agora está a fica chocho. Fez uma confusão tão grande para decidir uma coisa tão simples e foi tão parvo que achei melhor desligar. É melhor seres tu a falar com ele que eu já não consigo.
Entendemo-nos quanto a horas porque não valia a pena discutir tal questão, percebi rapidamente. Havia apenas que decidir o local de encontro. Albergaria, bombas, 14.30h; ficava um carro para evitarmos levar dois. Seguiu-se uma longa explicação acerca dos motivos para tal opção e percebi o que irritara a minha mãe. Ele está pior no que toca à argumentação...

Não devias ter saído ali? Tens a certeza de que é por aqui? Na última vez que viemos já não foi preciso vir tão longe. Não perguntaste? Porque não ligas agora? Mas porque é que vocês não se calam as duas?
À passagem pelas portagens, a tia, perita em enervar qualquer um com observações constantes, começou uma celeuma porque havia duas vias verdes e não percebia porque é que o marido tinha escolhido a da esquerda se estavam ambas livres. Como sempre, (há anos que é assim), sabendo que não vale a pena dar-lhe ouvidos, ele caricaturou, brincou e também como sempre, não ganhou nada com isso – ela continua a ter a última palavra. A minha mãe piscava-me o olho e encolhia os ombros. Continua desperta; percebe os cambiantes nela e nos outros mas, obviamente, tem pouca tolerância para os erros dos outros e para os dela própria.

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