05 julho 2012

or qualquer coisa melhor


Pediram-me recentemente a opinião acerca da Liga Portuguesa dos Direitos do Animal e a sua actividade:

A minha relação com a LPDA não é suficiente para me permitir fazer um justa avaliação da sua atividade, no entanto posso passar a apresentar o que penso de acordo com os contactos que estabeleci e a opinião de pessoas que, junto de mim, pediram ajuda a essa instituição.
Hoje considero-me uma pessoa bem informada acerca da vida dos animais errantes, acerca dos maus tratos e abandono a que são votados os animais em Portugal, mesmo daqueles que têm um lar.
Quando precisei de ajuda para prestar ajuda a um cão que achei na rua foi a LPDA que contactei. Penso, aliás, que a LPDA é a entidade que as pessoas mais recorrem quando buscam ajudam - afirmo isto porque a voz mais corrente é "vou pedir ajuda à Liga". A mensagem que a LPDA enquanto "liga" funciona, as pessoas conhecem. É, possivelmente e ainda, o primeiro link que aparece nas buscas quando se procura ajuda.
Já em contacto com a "liga", nem sempre as coisas correm de feição:
  • Pedi ajuda para uma cadela abandonada que se refugiou num bairro problemático de Lisboa, onde era ameaçada de canil (adicionar "canil" à "liga", os conceitos mais ouvidos). Não me deram solução em tempo útil. Na altura, a internet já funcionava como um meio de recrutar solidariedade e consegui esterilizar a Ritinha, após o que lhe consegui uma boa família, onde ainda hoje está.
  • Mais tarde pedi ajuda para uma cadelinha acorrentada em Carcavelos; soube que a Liga era perto. No próprio dia deslocaram-se ao lugar - a funcionária aproveitou a sua hora de almoço para visitar a cadela. Nada aconteceu para melhorar a vida do animal uma vez que a LPDA apenas pode fazer cumprir a lei e a lei diz que a corrente tem que ter no mínimo 2,5m, o que acontecia. A falta de contacto humano, o calor, o sedentarismo, a falta de liberdade (embora houvesse um pátio) não foram motivo para intervir. Eu também nada pude fazer.
  • Recentemente uma funcionária do local onde trabalho pediu ajuda à Liga para uma cadelinha que passava fome e que era "pele e osso", ela e o dono. Ambos tinham sido escorraçados de casa pela família. A situação era de tal modo problemática por não haver onde acolher os dois - pensei que afastá-los um do outro seria criminoso. No mesmo dia, a própria presidente a LPDA foi ao meu encontro com 3 sacos de ração e dois comedouros mas não se deslocou ao local, apenas ficámos perto. Isto é: não ignorou o problema mas não o solucionou. Nenhuma entidade funcionou neste caso: assistente social, centro de saúde, comissões de bairro - nada. A cadelinha acabou por morrer, talvez de fome, talvez de doença, mas na via pública. Do dono não soube mais o que foi feito.
A LPDA parece não ter meios suficientes para o problema da dimensão que vivemos. É voz corrente que a diretora da LPDA não age, se limita a informar, conversar, tentar consensos. Ora todos nós sabemos que os animais não sobrevivem com isso.
A Liga neste momento está, aos meus olhos, reduzida a um local onde se vacinam e consultam animais a preços (já pouco) económicos; ainda assim, parece-me que os serviços que presta ficam aquém do que deviam e principalmente, das necessidades presentes. Sei de casos de adoções bem-sucedidas com animais da LPDA; bem-sucedidas por mero acaso uma vez que não me parece que façam um rastreio capaz do perfil do adotante.
Os donos dos animais estão sujeitos a valores exorbitantes que os veterinários praticam (uma esterilização pode custar 150€ e 400€…). Não existe um sistema de proteção à saúde animal, apenas obrigações e deveres.
Onde estão as campanhas nacionais que fomentem o respeito pela vida animal (de toda a vida animal), contra o abandono, contra os maus tratos e a violência. Que acções existem que conduzam a uma alteração de mentalidades e consciências que apenas uma LIGA PORTUGUESA pode fazer?

A este propósito leia-se: ESTA NOTÍCIA.

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