03 março 2013

amentos


Estou a passar uma fase difícil. Os simples atos do dia a dia complicam-se com telefonemas amiúde longos, ouvindo em desespero os desabafos desesperados da minha mãe. Ter uma mãe idosa que, sofrendo das maleitas comuns na velhice, vê ampliadas pela indiferença, injustiça e incompreensão, a arrogância de um senhorio que mais não devia que estar-lhe muito grato, é muito difícil, principalmente porque não posso chamar-lhe nomes. Conviver com isto à distância é sofrer um pouco mais do que o normal; não se poder agir de imediato quando os acontecimentos se precipitam sem avisar, é doloroso.
Um outro fato contribui para o meu exaspero: a velhice de um cão que caminha com dificuldade e a taradice de um outro que se perde por qualquer rabo de saia. Que chora, gane e se recusa a sair da rua pela sua pata, porque é na rua que essas doidas com cio andam. As saídas à rua são uma peça de loucura. Um pela trela, puxando para o lado contrário do outro que se move com dificuldade e não sabe bem que direção tomar. Atravessamos a estrada a correr, um ao colo, outro quase de rojo. Ao meu lado, sem pestanejar nem reclamar, Lolita, a paciente. Chagamos a casa, dez da noite. Começam as rosnadelas e a habitual briga noturna.
A teimosia de querer levar a bom porto um projeto de doutoramento é possivelmente, neste enquadramento, uma loucura. Deixei de ser voluntária da causa animal? Não. Embora em horário drasticamente reduzido.
Junte-se a isto, a responsabilidade das tarefas escolares e de assessoria (vulgo, acudir na desgraça alheia), noites mal dormidas e um extremo cansaço.
Amanhã há mais do mesmo.

1 comentário:

Anónimo disse...

de chorar a rir...sem ofensa!
gosto d capa nova :))