18 novembro 2014

SEMPRE A MESMA DOR

Um dia, numa conversa de família, o Jorge contou como estava a ser penoso o trabalho que estava a fazer. Andava mal disposto e tinha insónias. Contou que durante dias sofreu com o que via mas também com o que ouvia mas era obrigado profissionalmente a entrar naquele lugar.
Como não consegui fazê-lo parar de falar, saí da sala abuptamente. A minha percepção sobre a alimentação humana mudou a partir desse dia. Ainda tive de passar por uma fase de mudança até conseguir ser decisora sobre o que se cozinha na minha cozinha.
O hábito e a gula, mais do que qualquer necessidade fisiológica, são perdominantes no prato alheio.
Hoje em dia ninguém pode queixa-se de falta de informação mas pode ignorá-la ao fazer a sua própria seleção de conteúdos. Diveros foram os opositores às minhas publicações, por exemplo, no Facebook. Comecei a seleccionar desinatários para não causar sofrimento a ninguém....

É precisamente a falta de informação, a que chamo de ignorância consciente, que está reflectida à mesa, nos pratos alheios. Isto porque, não creio que haja pessoas com tão fraco respeito pela vida dos outros. O problema é o hábito que está instalado nas suas mentes e nos seus corpos.

Felizmente nasci e vivo longe do mundo rural, ao qual dificilmente me habituaria, mas, circular por esse país pôe em frente aos olhos (de quer ver), a realidade. Animais a correr na estrada atrás do carro que lhe abriu a porta; cães acorrentados com escassos centímetros de fio, vastas extensões de pasto salpicados por gordos animais de luzidios pêlos que em pouco tempo estarão encaixotados em tristes camionetas que os levará ao matadouro. Estes animais, ao contrário do que sorridentes porquinhos desenhados nos oleados nos fazem ver, vão em completo terror. Têm consciência da morte que os espera e como qualquer ser vivo, tem medo, sofre e tem dor...
Não lamento as doenças que o seu consumos provoca nos humanos. Acho até a mais refinada vingança. Colesterol elevado, problemas de tensão mas, principalmente ácido úrico (segregado por animais em pânico).
Não lamento a morte de caçadores e muito menos de toureiros na arena. Tenho um enorme desprezo pelas suas tristes vidas.
Por qualquer motivo que desconheço, vou ter de conviver com isto mais algum tempo.

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