06 julho 2008

uma quase nova quase galáxia

ma quase nova quase galáxia

Faltava juntar aqui um qualquer episódio da saga extra terrestre que pulula em outras paragens. Histórias reais que extravasam o sistema solar e se estendem por galáxias e tempos por vir.

Tudo aconteceu à volta de um facto, de um tempo e de uma personagem: a recém-nascida galáxia TVV2-P habitada por um único ser de nome Laika, assim baptizada em homenagem à russa cadela mandada para o espaço e da qual nunca mais se ouviu um latido. A primeira empreitada foi contornar os relatórios da vistoria que não a deixaram partir quando previu; Laika recorreu então a peritos para resolver a falha de apetrechamento da sua nave. Vasiily Moldavus, um ser de proporções anormais e de uns redondos olhos azuis que manuseava vigorosamente porcas e parafusos. Com eles poria a funcionar o arcaico propulsor a gás de bilha verde; tratava por tu os berbequins e também Laika, tu cá, tu lá, embora não se conhecessem de lado algum.
A esta pequena galáxia em formação associavam-se os Manus Ysphregonas, adictos em limpezas, inseparáveis e imparáveis. Sempre seguidos pelo amestrado robot Nilfisk, não se detinham perante a empreitada desempoeirar a nave se bem que a sua maior dificuldade era contornar a presença do possante Vasiily, que sarcasticamente gozava com o que para ele era um espectáculo divertido; Laika observava a cena que lhe trazia à memória os espectáculos de cãezinhos amestrados a que assistia na infância. Vasiily parava de vez em quando para observar enquanto fingia um ligeiro trabalho de mãos; um dos Manus também parava porque não se livrara do terráqueo vício do tabaco. Fumava enquanto esfregava as janelas e discutia a subida dos juros, das prestações e a carestia da vida.
Quatro longas horas passadas, foi efectuada a segunda vistoria por uma equipa de dois peritos e a nave estava finalmente pronta para partir para o espaço.
Era o que tinha acontecido não fosse Laika ter sido chamada para uma emergência. É que, (esqueci contar este pormenor) para tudo o que é passível de precisar de uma mãozinha, Laika é convocada. Mudanças, meu Deus, mudanças, acartar sacos, malas, caixotes escada abaixo, escada acima, coisa que já nem se usa. Nesta outra galáxia também em mutação existe um ser com quem Laika tem uma estranha relação - trata-se de Canídeo Hybridus uma mistura de um branco puro num corpo abrutalhado, que noutra encarnação se chamou Canídeo Falsus; este quadrúpede nunca se livrou do seu karma e não se detém perante as mãos de Laika, nas quais espetou os seus potentes dentes pela segunda vez. Graças a isso, têm mantido uma relação cordial mas distante, como convém mas que de nada valeu. Graças a isso também, voaram objectos, um almoço foi pelos ares, o frango para cinco, um pic-nic em cima de caixotes. Laika fará uma segunda tentativa para arrancar para o espaço. Mas é fundamental que não se reacendam os vícios que o sol costuma trazer.

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