As fechaduras do senhor Manuel Francisco dos Santos, meu falecido avô, eram (e alguns são) objectos fascinantes. Simplicidade era coisa rara, mesmo nas trancas básicas, que se metamorfoseavam na sua mão. Todas tinham um cunho pessoal, ainda que não fossem objectos de rebuscados mecanismos.
Visitei uma sua antiga casa, quase arruinada e cheia de marcas suas. Portas, portões, portinholas e cancelas mantêm o seu cunho, como se pode conferir nas imagens juntas.
Esta visita não ficaria completa sem que me trouxesse os cheiros que não sentia há anos e que ansiava rever – a adega, onde há tanto tempo desejava entrar, conservava o cheiro quente do vinho, mais forte dentro da dorna que jazia a um canto, enredada em enormes cortinas de onde se balanceava uma decrépita aranha.
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