final o boneco mais feio do mundo não é o julinho
Há coisas que estão tão entranhadas no nosso quotidiano que dificilmente reparamos nelas mesmo que quando lhes sejam introduzidas mudanças. Hoje reparei pela primeira vez no novo multibanco. Novo é uma forma de dizer, já que as inovações são minúsculas e o interface só ganhou alguma elegância na letra. As cores não mudaram no essencial e com isso concordo - o uso já cumpriu o seu papel no utilizador: colamos o binário azul/verde ao sistema, de modo automático e eficaz. A leitura é simples e imediata e a letra branca funciona bem sobre o azul. Essa é, aliás, a combinação adequada para uma leitura eficiente.
Há porém, um elemento problemático: o boneco, o próprio multibanco! Quem erá a mente brilhante que concebeu tal boneco? A inicial caixinha em perspectiva, com sorriso parvo, olhos esbugalhados e botas botildes apresentava, pelo menos, uma ligeira rotação, portanto, algum movimento. Sucede-lhe uma figurinha frágil, de contorno preto e desenho plano, que apenas simula um sorriso a modos que amarelo e um piscar de olhos que fica a anos-luz do piscar do Presidente Cavaco (podiam ao menos, ter-se inspirado nele...).
Este novo velho boneco em nada contribui para melhorar o processo de comunicação homem-máquina. É ridículo mas é-o mais ainda se pensarmos que a SIBS procedeu a esta mudança de visual porque o Multibanco fez 25 anos! (Obrigaram-nos durante 25 anos a olhar diariamente para uma imagem gasta e a conviver com um interface muito pouco user-friendly).
Esta questão remete para os novos ecrãs que apresentam ambientes cada vez mais baseados em metáforas. Vejam-se os telemóveis e os pequenos MP3 que utilizam recursos visuais de eficácia comprovada - obviamente, os ícones de leitura fácil são meio caminho andado para a facilidade operativa. Também os sistemas hi-fi ainda têm muito que aprender com eles (as marcas insistem em ecrãs rectangulares baseados em texto e que só alguns conseguem descodificar). O problema no multibanco não é tão grave mas poderia, pelo menos esteticamente, ser mais bem conseguido.
Ainda não houve coragem para intervir radicalmente? Ou estarão convencidos de que não existe solução melhor? A não ser que a nova imagem se deva ao elevado número de roubos de caixas multibanco - quererão com este boneco enfezado intimidar os ladrões, convencendo-os de que não vale a pena? Representa o boneco o momento do assalto? Uma coisa é certa: ele já está com as mãos no ar.
Nota: O anterior boneco ainda não desencarnou. A sua imagem remanesce em alguns ecrãs, como se pode ver atentamente no exemplo junto. Para os que crêem na vida após a morte, aí está um fantasma a ter em conta.
1 comentário:
O Julinho é um injustiçado, é o que é!
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