07 fevereiro 2012

para quê?

ara quê?

Ando há 13 anos numa luta que hoje me parece perdida. Ou pelo menos eu, hoje, estou cansada de lutar.
Sempre encarei as escolas como entidades às quais se aplicam os mesmos princípios de identidade que qualquer empresa ou instituição. Existem, têm uma forte presença na comunidade, comunicam a diversos níveis com o exterior e mais: são estabelecimentos de ensino. Este último aspecto devia ser o mais importante quando se pensa na imagem visual da escola - contribuir desde cedo para o desenvolvimento do sentido estético nas crianças.
As direcções das escolas são constituídas por pessoas pouco sensíveis a estes aspectos. Assiste-se a uma mudança, pontual, absurdamente lenta. Com a proliferação de meios informáticos e tecnológicos, todas as pessoas têm acesso a meios de distribuição e construção de documentos numa escala nunca antes vista; todos constroem sem saber construir, com os menores conhecimentos de comunicação visual. Ainda assim, fazem e porque não têm consciência das suas inaptidões, não aceitam sugestões.

Há alguns anos eu e duas colegas (num conjunto de 150...) propusemos uma nova imagem para a escola. Desenvolvemos para a escola os critérios de imagem corporativa. Não fomos compreendidas senão nos pontos básicos, essenciais, demasiados óbvios. Tudo o que propusemos foi ignorado. Manteve-se alguma coisa: o símbolo, a cor, os cartões.
O símbolo, também aqui é muito maltratado. Altera-se, estica-se, encolhe-se sem pudor.
Com a reformulação da direcção e a minha entrada enquanto "conselheira para os assuntos da imagem" consegui algumas mudanças, nunca tantas quanto pretendi.
Sob a minha alçada criou-se um sistema de sinalética para todas as salas, fez-se uma planta da escola, atribuíram-se cores aos pavilhões - tudo isto ignorado tanto na pintura de paredes quanto num simples plano de emergência.
A maior parte das pessoas não fazem as ligações necessárias para que percebam que a imagem da escola está presente sempre e em tudo o que se constrói dentro da escola. Fazia parte da ideia a venda de marchandising com o logo. Seria uma fonte de receitas, os alunos iriam aderir e perceber o conceito, distribuí-lo...
Foi preciso alguns elementos da direcção participarem numa apresentação sobre imagem coorporativa aplicada à escola para perceberem o que eu ando há 13 anos a dizer... Pensei que podíamos avançar para um livro de estilo, pensei que finalmente a porta se abriria.

Há alguns dias surgiu a ideia, dentro da direcção, de fazer para vender uma agenda com o logo da escola. Aderi, é claro. Os dias passaram e ninguém me pediu o logotipo. Os livrinhos chegaram e perdi a cabeça de vez. Nada do que eu apregoei tinha vingado: o nome da escola escrito em Arial, com abreviaturas...
Hoje apetece-me desistir.

5 comentários:

josépacheco disse...

compreendo a tua luta e a importância dela, e sei das dificuldades que tens tido. o que põe um outro problema: consegues mudar culturas e comportamentos em larga escala? ou essa subtileza, esse conhecimento dos critérios, esse rigor e essa seriedade no modo de fazer as coisas serão sempre "elitistas", no sentido em que só uma elite educada os interiorizou e lhes dá efectivamente importância? a minha solução (frustrante, insuficiente) é: não desistir da luta, mas não ter demasiadas expectativas. terás semeado algo em 2, 3, 4 pessoas.

Unknown disse...

Não tenho expectativas elevadas porque sei em que meio estou. Mas semear em 5,6,7 pessoas :))

josé sacramento disse...

Ah, Ah, Ah!
E não puseram uma Nossa Senhora fluorescente na capa? Ou um menino com uma lágrima ao canto do olho?

josé sacramento disse...

Ah, Ah, Ah!
E não puseram uma Nossa Senhora fluorescente na capa? Ou um menino com uma lágrima ao canto do olho?

Unknown disse...

Nada disso! Um conjunto de letras que dizem ESC SEC PROF antes do nome da escola. Desconfio que é um código...