17 julho 2012

uerido diário 


A minha escola de novo. Na minha escola não há homens que gostem de trabalhar. Particularmente quando o trabalho é físico e duro. Não há quem faça mudanças de mobiliário, quem arraste equipamentos, quem monte fechaduras, quem recupere cadeiras, quem monte uma simples estante. O motivo é, invariavelmente, dor de costas. As dores não apoquentam as costas quando o funcionário zeloso que adora manga cavada e o posto da portaria, se dobra para, nas horas de serviço e no seu posto, se dobra para efusivamente, cortar as unhas dos pés à tesourada...
Segue portanto que, se alguém tem gosto em ter uma sala arrumada, limpa, funcional, acaba por ser do sexo feminino. E se alguém mete mãos à obra tem de ser, por exclusão de partes, mulher. (Esqueci-me que a cavilha que ainda tenho na perna não se coaduna com este género de trabalhos pesados, pelo que estou neste momento a sofrer as consequências de uma manhã esforçada).  As dores foram minimizadas por um mergulho na água fria que hoje contrastava com os quase quarenta graus à sombra.

Este desvio pela praia a caminho de casa (cada vez de me entristeço porque demoro algum tempo a chegar ao trabalho, agrada-me cada vez mais esta proximidade com o mar) permitiu-me reencontrar Monsieur Armand, o dealer do Peróla que se sentou na minha mesa enquanto bebi uma sprite -"Trabalho é trabalho e outra coisa é outra coisa". Combinámos para daqui a dois dias. Chapa chapa.

O jardineiro cumprimentou-me enquanto esperava a entrada na fila de carros num cruzamento. Dei-lhe boleia e pediu-me que o deixasse numa casa de uma senhora que gostaria de adotar um cão e sendo assim já ma apresentava. A casa é dos mais bonitos edifícios da zona e que gosto de apreciar nas minhas voltas de bicicleta. Estava muito curiosa e satisfeita por poder entrar naquele espaço mas ninguém veio abrir a porta.
Gosto muito de sim, sabe. Que é que hei-de fazer, simpatizei consigo, dizia-me o velhote. Pronto, a senhora não está mas venha cá que lhe vou mostrar esta aqui ao lado que está para arrendar.

É uma outra casa assombrosa, da mãe de uma famosa atriz. Não quis conhecer a casa, obviamente não passei do jardim. Vimos outra ainda, o senhor explicou-me os preços, as famílias que ali vivem, quem morreu, quem herdou. que um dia destes podíamos ir jantar ao Eduardo das Conquilhas...



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