14 janeiro 2015

POSTINHO

Feliz com as próprias descobertas, um grande amigo descreve as suas experiências gastronómicas de um modo tão entusiástico que toda a comida é referida com diminutivos. Não é único a usar esse género de tratamento. Recordo alguém que, quando a fome aperta, a sacia com um grelhadinho ou uma saladinha com um fiozinho de azeite. Ou uma frutinha partidinha aos pedacinhos.
Ora isto faz-me impressão.
Os diminutivos são modos de tratamento que revelam carinho e afeição. Comumente  dirigimo-los as coisas ou pessoas de quem mais gostamos e pelas quais nutrimos afeição. Em extremo, por qualquer coisa que nos faz sentir bem, como um casaquinho quentinho. 
As minhas cadelas trato de Bequinhas e de Lolita (e ao Kiko de Kikinho) porque lhes quero muito; faço-o quando elas se portam bem ou simplesmente porque estou para aí virada. Abraçá-las é um gesto que decorre da vontade de lhes demonstrar afecto. 
Sou, no entanto, incapaz de abraçar um peitinho de frango ou mesmo uma batatinha a murro. Nunca faria uma carícia a uma espetadinha ou a uma pescadinha. Nutro pela comida suficiente desprezo. 
Por esta ordem de ideias, sou incapaz de comer um caozinho. Muito menos um cachorrinho quentinho...

1 comentário:

josépacheco disse...

ahahaha! Muito bem! Acontece que nutro uma grande afeição pela comidinha, sobretudo quando é confeccionadinha por mim. Sou um grande amigo dos meus peitinhos de frango. Posso não abraçá-los, mas papá-los é um acto de amor. Amorzinho, vá.